sábado, 2 de janeiro de 2016

Fonte das Três Graças



Legenda: Artista; Manoel Martins
S/D
 Local: Praça da Liberdade
Fonte: foto arquivo particular


A Fonte das Três Graças está localizada na Praça da Liberdade, que foi planejada e construída na época da fundação da capital mineira 1895/1897. Segundo Caldeira,

[...] no contexto urbano de Belo Horizonte, a Praça da Liberdade tem um significado e uma apropriação diferenciada de outros espaços públicos da cidade. Inserida no plano da cidade, para abrigar a sede do governo de Minas Gerais, esta praça não é uma praça qualquer, ela foi criada, juntamente com a cidade, sob a "aura" da modernidade, ocupando um lugar de destaque (CALDEIRA, 1998, p.1).

A ideia de abrigar a sede do governo de Minas Gerais faz da Praça da Liberdade um marco para a cidade de Belo Horizonte, pelo caráter simbólico, de valor histórico, político e sociocultural.
Emoldurada pelo Palácio do Governo e pelas primeiras secretarias do Estado de Minas, cujas construções manifestam o espírito republicano da época, ao longo dos anos a Praça acolheu diferentes estilos arquitetônicos, por exemplo: na década de 1960 e 1970, estilo moderno, com a arquitetura de Oscar Niemeyer, o qual projetou a Biblioteca Pública e o Edifício Niemeyer; e de Raphael Hardy Filho, quem assinou o projeto do Instituto da Previdência dos Servidores do Estado – IPSEMG.
Já na década de 1980, surge o estilo pós-moderno, projetado pelos arquitetos Éolo Maia e Sylvio de Podestá, cujo exemplar é a Rainha da Sucata.
De modo que a Praça contornada por esse ecletismo arquitetônico estabelece, também, um diálogo com as esculturas: de estilo clássico, a Fonte das Três Graças, do artista Manuel Martins, e a Moça Mirando o espelho D’água, de autor desconhecido; do estilo minimalista, a Liberdade, de Ricardo Carvão Levy, que foi instalado no local, em 1991, ocasião da comemoração do 94° aniversário de Belo Horizonte, e de bustos[1] de forma realista,  presentes no local, por exemplo o busto do fundador de Belo Horizonte, Crispim Jacques Bias Fortes; do estadista Senador Júlio Bueno Brandão; do romancista e poeta Bernardo Guimarães e outros dois sem identificação.
Também em 1991, fez-se na Praça uma revitalização, visando “a recuperação do simbolismo de um espaço praça que havia abrigado o footing[2]. Era a busca da praça, enquanto um território de sociabilidade voltado para o lazer, refutando a imagem da praça de mercado” (CALDEIRA, 1998, p.3).
Além desse espaço de sociabilidade, a Praça, com a implantação do Circuito Cultural da Liberdade, inaugurado em 2010, tornou-se um grande complexo cultural para a população. Tanto o Palácio como as Secretarias deram lugar a modernos museus, como: a Casa Fiat de Cultura, instalada no antigo Palácio dos Despachos; o CCBB, no prédio da antiga Secretaria de Estado de Defesa Social; o Espaço do Conhecimento, na antiga Reitoria da UEMG; o Memorial Minas Gerais Vale, instalado no antigo prédio da Secretaria de Estado da Fazenda; o Museu das Minas e do Metal – MM Gerdau, que ocupa o antigo edifício da Secretaria de Estado da Fazenda, e o Palácio da Liberdade, prédio central do conjunto arquitetônico da Praça, sede histórica do Governo de Minas Gerais e antiga residência oficial, agora aberto à visitação.
Com isso, o sentido funcional da praça, que ao longo do tempo sofreu transformações. Segundo Caldeira (1998), várias praças surgiram no mesmo espaço, numa espécie de sobreposição de arquétipos, como: a praça do poder, do encontro, do footing, das manifestações políticas, das feiras e que, de certa forma, foi se legitimando como símbolo urbano.
E se encontra nessa praça, a escultura denominada Fonte das Três Graças, que é considerada o cartão postal da Cidade.

         Com graça e leveza, características próprias do estilo neclássico[3], a escultura Fonte das Três Graças, medindo 3 metros de altura, “compõe-se de três estátuas femininas, dançando de mãos dadas, à semelhança das mitológicas graças[4]; embaixo, duas sereias em cima de duas cabeças de carneiro, colocadas na extremidade da bacia”, Teixeira; Oliveira (2006, p.66).
         A escultura é formada por duas grandes subunidades, isto é, dois grandes grupos representativos de uma única obra, e por outras, em menor proporção. A interpretação visual da forma requer um tempo maior para a apreensão, devido à complexidade de elementos presentes na sua estrutura formal. Gomes (2000, p. 79) esclarece que “a complexidade implica, quase sempre, numa complicação visual, devido à presença de numerosas unidades formais na organização do objeto, tanto das partes como do todo em si”, isto é, exige um olhar mais atento para a apreensão e compreensão da escultura.



[1] Busto no campo das artes é a representação dessa parte do corpo muito utilizado por escultores.
[2] Footing significa passeio a pé para para espairecer, passear ou caminhar sem compromisso. 
[3] Neoclássico é um movimento europeu do século XVIII e parte do XIX .Caracterizou-se pela retomada da arte antiga, especialmente greco-romana, considerada modelo de equilíbrio, clareza e proporção.
[4] Graças, nome latino das Cárites Gregas, eram deusas da fertilidade, do encantamento, da beleza e da amizade. As Graças representadas na fonte são: Tália, Eufrósina e Aglaia.

3 comentários:

  1. Perfeito os comentários sobre a fonte das 3 graças, que necessito para fazer um trabalho. Obrigado.

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  2. Perfeito os comentários sobre a fonte das 3 graças, que necessito para fazer um trabalho. Obrigado.

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  3. Fico Feliz que gostou! Este é um dos objetivos do blog...

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