Legenda: Artista:
Amilcar de Castro
Data: 1988
Local: Praça Carlos
Chagas – Praça da Assembleia.
Foto: acervo
próprio.
O monumento neoconcreto[1]
Amilcar de Castro, considerado também como Símbolo Cívico, insere-se na Praça Carlos
Chagas, conhecida popularmente como Praça da Assembleia, desde o início do
processo da democratização do Brasil, após a regime militar, nos anos 1990.
Essa praça mede 33.700 m²[2] e ocupa ampla
área do bairro Santo Agostinho, entre a Avenida Olegário Maciel e as Ruas
Rodrigues Caldas e Martim de Carvalho. A Praça acolhe o Palácio da
Inconfidência, sede do Poder Legislativo Mineiro, e foi cercada por jardins
projetados por Burle Marx.
No seu centro, está a Igreja Nossa
Senhora de Fátima; já no entorno, um grupo de esculturas composto por formas
humanas dos políticos Tancredo Neves, Ulisses Guimarães e Teotônio Vilela, como
representação do movimento Diretas Já!
No último 06 de outubro de 2015[3],
a Praça foi oficialmente inaugurada, após obras de requalificação que integram
ações do projeto Assembleia de Todos. A reforma levou em consideração as
demandas dos moradores do entorno. Assim, novo paisagismo, fontes luminosas,
playgrounds e a inclusão de placas no monumento em homenagem aos doadores de
órgãos e tecidos.
Esse monumento é composto por um grupo
de duas estátuas de bronze e um piso de placas de aço, no qual estão escritos
os nomes dos doadores. A obra é criação do artista plástico Leo Santana e está
instalada no Jardim do Hall das Bandeiras.
A
obra Símbolo Cívico refere-se à Constituição Mineira de 1989, como a IV
Constituinte Mineira, esclarecendo Teixeira; Oliveira,
por ter sido esta
constituição modelada pelos atos constitucionais da época, decidiu-se
homenagear as demais constituições, o que justifica o fato do monumento
referir-se à Constituição de 1989 como IV Constituinte Mineira, (TEIXEIRA;
OLIVEIRA, 2008, p.89).
Assim,
para a criação da obra, Amilcar de Castro procurou estabelecer uma relação com
o entorno e com a casa Legislativa que é a casa do exercício efetivo da
política de Minas Gerais.
Ao
criar a obra, o artista inspirou-se na bandeira de Minas, conforme Pedro Castro[4], filho do
artista. A forma de triângulo no interior da obra inspirou-se no estandarte
mineiro e corresponde ao símbolo de Minas; e o círculo representa a aliança
entre o Legislativo e a vontade do povo. Teixeira; Oliveira, (2008, p. 89)
completam:
a escultura simboliza
a passagem à representação popular dada pelo triângulo aberto, enquanto o
círculo, em forma de aro, lembra a aliança entre Sociedade e Legislativo, fonte
e síntese da vontade geral.
Assim,
a obra como esclarece Teixeira; Oliveira (2008, p. 89),
foi
totalmente construída em aço. Com forma circular e 6 metros de diâmetro, em
chapa de duas polegadas, a obra constitui-se num círculo vazado por um
triângulo que desce ao chão e tem o vértice superior apontado para o Palácio da
Inconfidência. Ocupa um espaço de aproximadamente 30 metros quadrados e tem por
objetivo promover a valorização do legislativo mineiro e da constituinte
(TEIXEIRA; OLIVEIRA, 2008 p.89).
A
escultura Símbolo Cívico de Amilcar de Castro, partindo de um esquema formal
abstrato, um círculo e um triângulo, como interpreta Pedrosa (1998, p. 363),
“permite as variantes formais mais surpreendentes, ela convida o espectador a
manejar sua ideia, que se mantém fiel à forma matriz, no seu diálogo ou
monodiálogo com o plano”. O autor relata ainda que Amilcar de Castro chegou a
romper as limitações situacionais da escultura para transformar suas
realizações em objetos voltados para si mesmo, independente de pedestal ou
mesmo de base. Nas palavras de Pedrosa: “a fatídica limitação de toda escultura
representativa”. As obras de Amilcar de Castro convidam para a reflexão
argumentando que
o que há de
específico na sua demarché operacional
é que não parte de um apriori mas de
um desenho vago no papel para depois, em face do quadrado, círculo ou
retângulo, abri-lo, desdobrá-lo; ele não constrói violentamente; ou não
constrói na realidade. Obedece a um todo misterioso que não está para ele em
nemhum apriori.
Uma vez o plano ferido ou talhado ou aberto, o espaço que daí se cria e o
conduz [...] em busca da terceira dimensão, (PEDROSA, 1999, p. 366).
Amilcar
de Castro busca encontrar novas dimensões na relação dos seus planos com os
espaços vazios, tornando, supreendentemente, um peso natural do próprio
material que utiliza em leveza visual em função de suas dobras e recortes.
Conforme Gomes (2000), o fator de unificação na obra do Amilcar de Castro se dá
pelo seu equilíbrio simétrico e pelos pesos visuais bem distribuídos. De
harmonia plena, os contrastes entre linhas retas e curvas, espaços abertos e
fechados, fazem da escultura um símbolo de grande expressividade plástica.
[1] Movimento do final década de
cinquenta (1959-1961) que defendia a liberdade de experimentação, o retorno às
intenções expressivas e o resgate da subjetividade.
[2] Dados sobre o dimensão do espaço da praça disponível em: http://www.almg.gov.br/acompanhe/noticias/arquivos/2014/07/03_reforma_praca_carlos_chagas_beneficios.html
Acesso em 01/05/2015.
[4] Vídeo com o relato de Pedro Castro, filho do artista plástico Amilcar
de Castro. <http://artesplasticasgrupo7203.blogspot.com.br/2011_07_01_archive.html>, postado em 09 jul. 2011.
Parabéns pelo blog e sucesso no seu mestrado!!! : )
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