Legenda:
Artista: Júlio Starace
Data: 1930
Local: Praça da Estação
Fonte:
ww.asminasgerais.com.br Acesso em: 09/11/2014.
O Monumento à Terra Mineira foi
instalado em 1930, na Praça Rui Barbosa, ou Praça da Estação. De acordo com
Santos (1999 p. 14), “Belo Horizonte era pequena e muito tranquila e o local
era estratégico, de frente para a Estação Ferroviária, principal acesso para a
cidade.”
Segundo Faria (2006 p.300), “o papel
marginal que a Praça Rui Barbosa tem hoje em relação a cidade de Belo Horizonte
como um todo não permite perceber sua centralidade e importância nas décadas de
1920 e 1930”. Faria (2006) descreve que a
Comissão da Capital havia dado destaque à Praça pelo fato de considerar este
local, o portal da cidade e de ligação, por via férrea, de Belo Horizonte com o
resto do País.
A praça foi assim escolhida pelo então
presidente do Estado, Antônio Carlos Ribeiro de Andrade, para acolher o
monumento que simbolizava a grandeza de Minas e de sua gente.
O monumento Terra Mineira é de autoria
de Júlio Startace. Conforme Santos (1999), a altura a que o monumento foi
alçado criava um contraste com as edificações baixas, causando a impressão de
sobrevoo. Certamente, uma visão de impacto para quem chegava.
A figura exibe um corpo de dimensões
maiores que a de um corpo humano e de grande contração muscular. O braço
estirado, sustentando o mastro da bandeira, inspira força, bravura. Localizado
e voltado para a estação, dando boas vindas aos que chegam e demonstrando o caráter
“indômito” dos mineiros.
Para Santos (1999 p. 14), “a estátua
deveria representar, para o viajante que chega, a imagem de um destemor
triunfal, condizente com aqueles tempos nacionalistas”. Sob a figura, a inscrição
“MONTANI SEMPER LIBERI”[1].
Erguido em homenagem aos heróis e mártires mineiros, conta com uma estátua de
bronze, imagem de um homem nu, com uma bandeira e uma base em granito, com
placas que fazem menção escrita aos homenageados, dispostas em volta do
pedestal.
São quatro quadros em alto relevo. Na
parte da frente, a bandeira de Bruzza Spinosa, mostrando os primórdios heroicos
da colonização do Estado; na lateral direita, o martírio de Tiradentes; na
lateral esquerda, o martírio de Felipe dos Santos, e na face posterior, Fernão
Paes Leme, o caçador das esmeraldas.
Além disso, retrata, em cenas, momentos
significativos dos homenageados. Conforme Santos (1994, p. 14 ), “o monumento
anuncia as fronteiras ou faz recordar aos nativos que partem, retornam ou por ali
vagam”.
Completa Faria (2006 p. 3002): “um
ideal que deveria estar inscrito na própria alma do mineiro”. Uma placa de
bronze dedica o monumento aos: “HEROIS E
MARTYRES MINEIROS QUE, NO SACRIFÍCIO PELA CONQUISTA DO TERRITÓRIO E DA LIBERDADE,
VERTERAM O SEU SANGUE EM PROL DA FUNDAÇÃO E DO ENGRANDECIMENTO DA PÁTRIA”.
Mas, de acordo com Santos (1999), a
figura exuberante e nua exibida em pedra, numa cidade ainda pacata, causou
reações diversas. Muitos expressavam, com veemência, sua desaprovação; outros
justificavam sua nudez, dizendo que esta representava o despojamento, o estado
de purificação necessária à defesa dos valores elevados. Mas a intensidade da
polêmica se relacionava a um detalhe, a ponta da bandeira que cobre o sexo.
Como descreve Santos, um pormenor que atrai o olhar de quem observa.
O pedaço de tecido escondendo o sexo tem o poder de
ressaltá-lo: um estímulo à curiosidade e à especulação (que forma se revelaria,
se um vasto vendaval deslocasse a bandeira? Que mistério se descortinaria, ou
melhor, se desbandeiraria? Mas o detalhe também serviu de argumento contra as
vozes que pregavam minha retirada [...] o quase nu, cuja indecência a bandeira,
ambiguidade, dissimula e atesta (SANTOS,1999 p.14).
Com a expansão da cidade, a Estação
Ferroviária deixou de ser o portão da cidade e, por um determinado tempo, a
estátua deixou de ser percebida na sua totalidade pelas pessoas que por ali
circulavam. Hoje o espaço é parte do circuito cultural de Belo Horizonte. Recebe
pessoas de todas as partes da cidade e de outros locais. O monumento que
atualmente se abre em histórias pode também se abrir para o desconhecido, para
um novo olhar sobre o mesmo monumento, Terra Mineira.[2]
No que se refere a forma, o conjunto
escultural Terra Mineira é composto de várias subunidades. As mais evidentes correspondem
ao volume da forma figurativa do humano e o volume da forma geometrizada da
base, em movimentos e ritmos contrastantes.
O movimento da forma masculina é muito
forte, enfatizado pelos braços e pernas que, para Gomes (2000 p. 68), “a
sensação do movimento dinâmico reflete, sobretudo de maneira muito intensa,
mobilidade e ação”. Já na base, o movimento é percebido pela repetição das
figuras retangulares na horizontalidade, verticalidade e diagonalidade em ritmos
expressivos.
Conforme esclarece Gomes (2000 p. 69),
“o ritmo é um movimento que pode ser caracterizado como um conjunto de
sensações de movimentos encadeados ou de conexões visuais ininterruptas, na
maioria das vezes, uniformemente contínuas ou sequenciais ou semelhantes ou,
ainda, alternadas”.
Assim as duas subunidades que se
contrastam nas suas formas, nos seus volumes, nos movimentos e nos ritmos
mantêm um denominador comum, capaz de unificar o conjunto como um todo,
harmônico e equilibrado.
Montanheses Sempre Livres, e não montanheitos.
ResponderExcluirAliás, esse não é o dístico da bandeira dos inconfidenteseus?