sábado, 2 de janeiro de 2016

Obelisco


                                     Legenda: Artistas: Antônio Rego, Antônio Gonçalves de
                                               Gravata, José Amadeu Mucchiuti
                                Data: 1924
                                                           Local: Praça Sete de Setembro – Centro


         O Obelisco, popularmente chamado de Pirulito está inserido na Praça Sete de Setembro, conhecida por Praça Sete, e é uma referência para os belo-horizontinos, um local circundado por grandes construções arquitetônicas, como o Cine Teatro Brasil (1932), o Banco da Lavoura (1956), O Banco Mineiro de Produção (1953), o prédio do Banco Hipotecário e Agrícola do Estado de Minas Gerais, construído no século XIX, hoje ali funcionando o Posto de Serviço Integração Urbana - PSIU[1].
         A Praça, conforme esclarecem Nascimento e Braga,

[...] não foi concebida como “praça” na acepção do termo no traçado original da cidade: seus limites resultavam do cruzamento das Avenidas Afonso Pena e Amazonas e das ruas dos Carijós e Rio de Janeiro. Seus espaços de permanência são, na verdade, quarteirões fechados posteriormente entre as ruas que a conformam (NASCIMENTO E BRAGA, 2014, p.1439).

Nesse cruzamento, concebido como “praça”, a presença do Obelisco potencializa o caráter simbólico do lugar considerado centro da cidade. 
         O Obelisco foi desenhado pelo arquiteto Antônio Rego e construído pelo engenheiro Antônio Gonçalves Gravatá que concretizou a obra no estilo abstrato[2], isto é, a escultura pensada como construção e não como representação da realidade.
         Para tanto, utilizou-se do granito, a fim de dar uma forma. A obra se   assemelha a uma agulha com 7 metros de altura sobre uma base de pedra quadrangular de 6,57 metros, elevando a obra para 13,57 metros, adornado por quatro postes colocados em cada uma das suas arestas, e assim atribuindo um caráter de monumentalidade.  
         Dessa forma, foi instalado, na confluência da Avenida Amazonas com a Avenida Afonso Pena, o chamado Marco Zero do hipercentro de Belo Horizonte, conforme relatam Teixeira; Oliveira (2008, p.16): “na planta do projeto da cidade, elaborada pelo engenheiro Aarão Reis no final do século XIX, o traçado foi desenhado a partir de uma cruz formada por duas grandes vias que se cortavam perpendicularmente”.
         Nesse cruzamento que marcava o centro da cidade foi o local da antiga Praça Doze de Outubro, em homenagem a chegada de Cristóvão Colombo na América. Já em 1922, durante as comemorações do Centenário da Independência Brasileira, essa muda de nome e passa a se chamar Praça Sete de Setembro, ocasião em que foi lançada a pedra fundamental do Obelisco com o objetivo de acentuar a centralidade da cidade.
         A inauguração do obelisco nesse local se deu dois anos mais tarde. O Pirulito foi uma doação do povo de Betim e inaugurado em 7 de setembro de 1924, como uma homenagem ao primeiro Centenário da Independência[3].
         Esse permaneceu no local até 1962, tendo sido depois transferido,  como esclarece Teixeira; Oliveira; (2008), a escultura foi transferida para o Museu Histórico Abílio Barreto a pedido do prefeito Amintas de Barros, para ceder lugar ao monumento em homenagem aos fundadores da cidade, mas no ano seguinte, 1963, por ordem do prefeito Jorge Carone Filho, que assumiu o governo de Belo Horizonte, foi deslocada para a Praça Diogo de Vasconcelos, conhecida como Praça da Savassi, numa espécie de transferência de símbolos, permanecendo até 1980, quando, por determinação do novo prefeito, Maurício Campos, retorna ao seu lugar de origem, agora de menor impacto quanto à socialização, relativamente aos quarteirões fechados, destinados aos pedestres, todavia, como resgate histórico. É importante ressaltar que em 1977 o Obelisco foi tombado pelo IEPHA.
         Essas mudanças do Obelisco, conforme Cruvinel (2012, p.73), “demonstram os primeiros sinais de alteração dos monumentos, em decorrência das transformações urbanas, culminado em uma expressiva intervenção para a história do perímetro”. Na concepção de Cruvinel, a localização do Monumento Comemorativo ao Centenário é representativa no campo histórico, político e espacial. Hoje se tornou palco de manifestações da sociedade, caracterizando-a como praça. 
         A presença do Obelisco na época da sua implantação ofereceu ao espaço valores de monumentalidade e valor de funcionalidade, serviu como rotatória, conforme esclarece Freitas (2006), “as primeiras fotos e comentários da época já demonstravam o papel do objeto na intenção de converter a centralidade linear da Avenida Afonso Pena em radial ou pontual, desvio considerável da concepção urbana original de Aarão Reis”. 
         Com sua retirada, devido ao tráfego e a necessidade da desobstrução das avenidas, o espaço se transforma em um “apagão de símbolos”, baseados nesses valores funcionalistas.
         Do ponto de vista formal e de acordo com a teoria da Gestalt[4], a arte se funda no princípio da pregnância da forma. Gomes (2000, p. 17) relata que na formação de imagens, os fatores de equilíbrio, clareza e harmonia visual constituem para o ser humano uma necessidade, e que por isso é considerada indispensável.
         Na escultura Obelisco, a unificação da imagem é notável nas suas unidades: a unidade correspondente à forma da agulha e as subunidades que constituem a base, tornando-a equilibrada.  A harmonia da escultura é percebida pelo alto grau de ordenação entre essas partes. O recorte diagonal na parte superior da obra, no formado de agulha, confere leveza e sentido de elevação na escultura.



[1] As datas das construções arquitectónicas que compõem o cenário da Praça Sete  estão  mencionadas no texto disponível em : <http://www.belohorizonte.mg.gov.br> com acesso em: 01 maio 2015
[2] Arte abstrata é um estilo que rompe com as representações concretas da realidade para compor obras, utilizando-se das relações formais entre linhas, planos, superfícies, cores.
[3] Informações disponíveis em: http://bairrosdebelohorizonte.webnode.com.br/news/a-classica-historia-de-bh-/
[4]A teoria da Gestalt é uma teoria sobre o fenômeno da percepção, publicado por GOMES, João Filho. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma.

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